Campos age como político conservador
3Será uma oportunidade perdida o projeto presidencial do governador Eduardo Campos (PSB-PE)? O discurso e a prática recentes sugerem essa pergunta.
O Brasil viveu um terremoto em junho e julho. Houve um claro recado contra a política tradicional.
Mas Campos deu as respostas mais conservadoras.
Continuou a esticar a permanência no governo federal até quando recebeu sinais de contrariedade da presidente Dilma Rousseff. Fazia tempo que aliados lhe diziam para romper. Afinal, como gozar das benesses do governo e depois fazer campanha contra ele?
Diante do racha no PSB, com a saída de um grupo importante Ceará, dos irmãos Ciro e Cid Gomes, a solução tem sido aceitar o ingresso de políticos conservadores, que nada têm de socialistas. O eleitorado não percebe isso?
É verdade que Campos surfa, com sucesso, na onda de antipatia empresarial pela presidente Dilma Rousseff. Mas a baixa intenção de voto nas pesquisas, em torno de 4% a 5%, mina uma aposta mais ousada do grande capital na sua candidatura ao Palácio do Planalto.
Nas entrevistas, ora nada na raia de Aécio Neves (PSDB), ora na de Dilma. É um pouco oposição, um pouco governo. Será que o eleitor não tende a preferir os originais?
Vamos falar de plano de governo.
O que Campos mudaria na política econômica? “Fazer mais, fazer diferente, fazer bem feito” tem sido a sua resposta genérica na propaganda na TV.
As declarações sobre o Bolsa Família soam algo críticas, meio parecidas com as do PSDB, no sentido de que o programa teria caráter mais assistencialista e que mereceria modificações. Não parecem palavras convenientes a quem tem base política no Nordeste. Entende-se que Aécio ganhe algo no público do Sul e do Sudeste com esse tipo de discurso. Campos se beneficia?
Para coroar o que parece ser um mau momento, a propaganda partidária que diz que a educação pública em Pernambuco é uma maravilha foi filmada numa instituição particular. A justificativa de evitar filmar em local público não combina com o desejo dos marqueteiros de dourar a realidade.
Em resumo, Campos tem comportado como um político conservador.
esse eduardo campos nao soube nem ser governador. imagina presidente. basta vir a pernambuco que comprova o quanto tudo esta abandonado
Kennedy, hoje você é, sem dúvidas, um dos melhores, mais coerentes e sensatos analistas políticos no jornalismo brasileiro. É bastante ponderado e com uma visão muito lúcida dos meandros políticos. Eu, como historiador, acompanho sempre seu trabalho e suas discussões, e tenho de parabenizar.
Tenho visto muita mediocridade jornalistica por aí (seja à direita ou à esquerda). As vezes é bom ver um pouco de sensatez e lucidez no jornalismo político.
Parabéns pelo trabalho. Continuarei lhe acompanhando.
Valeu, Rodrigo. Bom dia para você.