Com Aras, Bolsonaro aparelha PGR e quebra tradição iniciada com Lula
Kennedy Alencar
FORTALEZA
A indicação de Augusto Aras para suceder Raquel Dodge significa o aparelhamento da Procuradoria-Geral da República pelo presidente Jair Bolsonaro. O presidente escolheu alguém com quem firmou compromisso político para uma posição que pode, por exemplo, pedir abertura de inquérito e denunciar o primeiro mandatário do país.
Trata-se também de um retrocesso institucional, porque Bolsonaro ignorou a lista tríplice apresentada pela ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) ao Palácio do Planalto. Bolsonaro quebra tradição que teve início no governo Lula e que foi respeitada nas administrações Dilma e Temer.
Apesar do retrocesso, Bolsonaro está exercendo o seu poder de presidente. A Constituição não o obriga a seguir a lista tríplice da ANPR. Escolher um dos três mais votados na eleição interna da categoria era uma forma de dar mais autonomia ao Ministério Público Federal. Lula e Dilma sempre indicaram o primeiro da lista ou reconduziram procuradores-gerais da República. Temer optou por Dodge, que ficou em segundo lugar na eleição da ANPR.
Bolsonaro está fazendo com a PGR o que fez com o antigo Coaf e o que pretende fazer com a PF (Polícia Federal) e outras instituições: indicar pessoas que tenham compromisso político com ele. Aliás, o favoritismo do subprocurador-geral Aras foi tema do blog e da rádio na semana passada.
Haverá reação corporativista do Ministério Público. Mas quem esperava algo diferente de Bolsonaro se enganou. Vamos ver se teremos um novo “engavetador-geral da República” ou não. O nome deverá ser facilmente aprovado pelo Senado. Ouça o comentário no áudio abaixo:
Caro Kennedy o candidato do Planalto seria o Dallagnol, em função dos desgastes foi abortado por solicitação do próprio, que tinha o Carlos como descontente na indicação também; havia a possibilidade da Dodge permanecer, a dama da lista tríplice, mas mostrou ao que veio com suas lambanças desconcertantes, que ainda vigoram até o último dia…na realidade usando a prerrogativa de presidente, escolheu um consenso que não era exatamente o que pretendia; devemos esperar para ver que tipo de PGR teremos, não há como outros procuradores julgarem , já que não o conhecem e não podem desabona lo, nesta hora a tradição não faria bem a ninguém, o País sobreviverá com sucesso ao novo profissional de carreira ilibado até que prove o contrario…