Lobby empresarial deve aprovar reforma trabalhista
KENNEDY ALENCAR
BRASÍLIA
O Senado deve votar hoje a reforma trabalhista. Sempre existe risco de fracasso num cenário de crise política como o atual, mas a tendência é a aprovação.
Essa reforma tem forte apoio empresarial, apesar de sofrer críticas dos partidos de esquerda e dos sindicatos. É importante para Temer votá-la a fim de mostrar que seu governo não acabou e que ele ainda tem força no Congresso.
Há um grau de consenso maior no Senado em relação a essa reforma na comparação com a da Previdência, por exemplo, que está parada na Câmara. Isso tende a facilitar a aprovação, mas haverá desgaste, porque, nas últimas semanas, cresceram as críticas às mudanças trabalhistas no próprio Congresso.
Também será importante ver como Temer pretende editar a medida provisória que suavizará pontos da reforma considerados muito negativos para os trabalhadores. Isso foi prometido pelo presidente como forma de obter apoio.
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Veneno tucano
A reunião de caciques tucanos ontem em São Paulo não tinha poder formal de decisão, porque isso cabe às instâncias do partido, como a Executiva e o Diretório Nacional. No entanto, foi tomada uma decisão política que reforça a dubiedade tucana, permitindo que os deputados federais possam votar contra Temer enquanto o partido tem quatro ministérios no governo.
O efeito prático dessa dubiedade é fragilizar ainda mais o presidente Temer. Apesar da divisão tucana ser real, tem crescido o movimento pela ruptura com Temer e o apoio a um eventual governo de Rodrigo Maia, presidente da Câmara. Ou seja, o PSDB começa a descer, de leve, do muro.
Nos bastidores, tem prevalecido a avaliação de que Temer não conseguirá ficar no cargo devido à estratégia de fatiamento de denúncias adotada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ou seja, se Temer derrubar a primeira denúncia, ficaria mais complicado engavetar a segunda.
Para a maioria do PSDB, seria melhor deixar Temer se desgastar até a eventual queda virar fato consumado. Isso facilitaria o desembarque do governo. Mas tucanos como o governador Geraldo Alckmin (SP) avaliam que seria arriscado apoiar Maia, porque ele poderia querer ser candidato à reeleição no ano que vem se suceder Temer.
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Batalha fundamental
O relatório do deputado federal Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) criou mais dificuldades do que as que já eram esperadas. Ocorreu o pior cenário para o presidente Michel Temer em relação ao parecer do relator.
Já era contabilizada a recomendação a favor da autorização para o Supremo analisar a denúncia. No entanto, Zveiter fez um julgamento condenando a conduta de Temer. Entrou no mérito e abraçou a tese do procurador-geral da República.
Agora, Temer terá de votar um relatório alternativo e vencer na CCJ. O governo trocou integrantes da comissão por aliados fiéis a fim de tentar obter maioria. O presidente precisa levar ao plenário da Câmara um parecer da CCJ que recomende a negação da autorização para a denúncia ser examinada pelo STF.
Isso permite que deputados votem acompanhando a decisão da CCJ. No entanto, se for derrotado na comissão e sair de lá um parecer pró-autorização, os deputados terão de ir ao microfone para contrariar o que decidiu a CCJ. Fica mais difícil justificar o voto.
No plenário, o governo terá mais força do que na CCJ, porque a autorização para o prosseguimento do exame da denúncia exige apoio de dois terços dos 513 deputados. Mas é simbólico sair da batalha da CCJ com uma vitória para que Temer tenha mais chance de ganhar a guerra contra a primeira denúncia de Janot. Se perder na CCJ, o peemedebista corre risco de ser derrotado no plenário.
Ouça o comentário no “Jornal da CBN”:
é muita covardia…um monte de bandido decidindo pelo futuro dos menos favorecidos…todos do lados dos empresários e querendo se proteger…
ou seja golpe dentro do golpe segue indefinido…. e ainda se fala em democracia, instituições funcionando…. os tucanos são campeões em democracia sem povo e sem voto…
Caro Kennedy, as reformas deveriam caminhar, independente do temer ficar ou não; tanto isto é fato, que deve seguir seu curso, e posteriormente com mais trabalho, a da previdência sairá também…quanto ao relatório do Zveiter, era o esperado, não teria como isentar o presidente de culpa…Acredito que não terão maioria para destitui lo, só depois das próximas delações…Quanto a tal saída do PSDB, só farão de fato, quando tudo estiver estagnado; adoram o podre, e a maioria quer colocar o FHC no lugar do temer; inclusive o lula, já que as tais diretas não vão acontecer…por isso o ex presidente, não quis encontrar com o temer, já que não há acordo plausível…
Ditadura do empresariado. Já sou à favor de uma revolução do proletariado e o fim dessa classe financeira.