Moderna para Sempre – Fotografia Modernista Brasileira
DANIELA MARTINS
BRASÍLIA
Lançado no final da década de 1930, o fotoclubismo brasileiro teve início em São Paulo, no Foto Cine Clube Bandeirante, e se alargou para outros fotoclubes da cidade paulistana. Em geral, era composto por fotógrafos amadores que, livres das obrigações de um trabalho comercial, puderam experimentar técnicas e quebrar regras.
Os trabalhos romperam com as formas tradicionais e acabaram impregnados da estética modernista e da visão de um Brasil que se desenvolvia e crescia economicamente. Muitos dos fotógrafos eram imigrantes ou descendentes de europeus refugiados de guerras, o que também contribuiu para essa interpretação otimista de futuro no novo país que os acolhia.
As fotografias ultrapassaram a função documental e ajudaram a desenvolver o debate e a própria estética modernista, que se espalhava por todas as demais linguagens artísticas. De acordo com o fotógrafo Iatã Cannabrava, curador da mostra, “uma analogia com a nossa arquitetura também se torna inevitável; se por um lado ela se aproveita do modernismo internacional, por outro o devora e o transforma”.
A exposição chega ao Museu Nacional de Brasília depois de ter percorrido 11 cidades e apresenta 130 fotografias que compõem o acervo do Itaú Cultural. Iatã Cannabrava selecionou obras de 29 artistas para compor o circuito. São nomes como Thomaz Farkas, José Oiticica Filho, Jose Yalenti e Marcel Giró. A montagem dialoga muito bem com a arquitetura emblemática do museu. Um aviso na parede informa que é permitido fotografar e estimula os visitantes a buscar ângulos diferentes e a exercitar outras formas de olhar.
Além da exposição, acontecerá entre os dias 27 e 29 de novembro a oficina “Brincando nos campos do Modernismo — Um exercício de fotografia moderna em Brasília”, que será ministrada por Cannabrava, pelo fotógrafo Kazuo Okubo e pela designer Ekaterina Kholmogorova.
A ideia é fotografar Brasília de uma forma à qual as pessoas não estão acostumadas. “Não vamos tirar fotos dos ministérios, da arquitetura já vista. Talvez façamos registros até de dentro do apartamento de alguém”, explica o curador. “Vamos brincar de modernistas na cidade dos modernistas, como se estivéssemos 50 anos atrás, mas com comportamento contemporâneo”.
A exposição ficará aberta ao público até o dia 03 de janeiro de 2016.
Imagem interna: José Oiticica Filho – Triângulos Semelhantes, 1949
Imagem da capa: José Yalenti – Miragem, 1950