Moro encolhe após 6 meses de governo típico de república de bananas
Kennedy Alencar
BRASÍLIA
O superministro Sergio Moro encolheu nesses seis meses em que o Brasil vive uma fase de república de bananas. Moro começou o governo maior do que Jair Bolsonaro. Hoje, o ministro da Justiça é menor do que o presidente da República.
Os atos do último domingo mostraram que Moro se fundiu ao bolsonarismo mais radical. Tem o apoio político de uma extrema-direita intolerante em relação a instituições democráticas, como o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. As manifestações de 30 de junho foram menores do que os atos pró-governo de 26 de maio.
Os parâmetros usados pela Lava Jato para combater a corrupção, se aplicados a Moro e ao procurador Deltan Dallagnol, resultariam em algum tipo de investigação policial e judicial. Moro e Dallagnol quebraram a lei.
Um juiz não pode se aliar à acusação, como revelaram reportagens do “Intercept Brasil”. O Ministério Público é fiscal da lei. Nessa condição, Dallagnol não poderia ter admitido uma ação conjunta entre juiz e acusador na Operação Lava Jato.
Em democracias plenas, o modus operandi de integrantes da Lava Jato seria considerado uma tentativa de formação de um estado paralelo. Moro e Dallagnol chegaram a conversar sobre como “limpar” o Congresso. Assumiram um papel que não é deles, mas dos eleitores.
Atos de Moro e Dallagnol, se aplicados os critérios que ambos usaram ao interpretar a lei penal, poderiam ser considerados eventuais crimes de obstrução de justiça e prevaricação. Ao adotar critérios políticos para investigar ou não, ocorreu interferência nas eleições de 2018.
*
Desperdício político
O balanço de seis meses do governo Bolsonaro é negativo. Houve retrocessos nas políticas públicas sobre meio ambiente, direitos humanos e educação. Na economia, Bolsonaro quebrou expectativas econômicas positivas. Inexiste articulação política com o Congresso.
A reforma da Previdência caminha no Congresso devido aos esforços do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também tem buscado ajudar a reforma a avançar.
Apesar da falta de articulação política do governo e dos problemas criados pelo presidente da República, a reforma da Previdência deverá ser feita pela política tradicional tão criminalizada por Bolsonaro e seus apoiadores.
Infelizmente, o país vive hoje uma fase de república de bananas. Bolsonaro poderá se candidatar a pior presidente da história do Brasil. Ouça o comentário feito ontem no “Jornal da CBN – 2ª Edição”: