Reação do Santander saiu do roteiro
DANIELA MARTINS
BRASÍLIA
A mostra “Queermuseu – cartografias da diferença na arte brasileira”, uma exposição de arte contemporânea que reunia obras de 85 artistas, causou confusão em Porto Alegre. A mostra foi acusada de estimular a zoofilia e a pedofilia e de atacar símbolos religiosos.
Grupos políticos como o MBL e até o prefeito de Porto Alegre resolveram pegar carona nos protestos e manifestar também a sua indignação para comungar com um eleitorado mais conservador, revelando um comportamento autoritário.
Até aí, nenhuma surpresa. É papel da arte representar as expressões humanas e provocar reações diversas a essas mesmas expressões quando expostas. O que saiu do roteiro foi a reação do Santander Cultural, patrocinador da exposição, que decidiu ceder ao apelo dos manifestantes e fechou a mostra com um mês de antecedência.
Ficou evidente que o que se pretendia ali era muito menos o mecenato e muito mais o marketing travestido de fomento à cultura. Ao identificar o mínimo sinal de que a marca da empresa poderia ter prejuízo, o discurso do incentivo cultural saiu de cena sem abrir espaço para debates.
É um bom indicador para se pensar no formato de política cultural que vige no país. O governo abre mão de parte dos impostos para que as empresas invistam em projetos culturais. Mas a arte não é algo que se possa domesticar ou colocar sob o guarda-chuva do departamento de marketing. E nem sempre vai “gerar reflexão positiva”, como dizia a nota do Santander justificando o cancelamento da exposição.
Por que a instituição não convidou o curador da mostra para fazer um contraponto ao entendimento dos manifestantes e ampliar os limites da discussão? Quem se propõe a mexer com arte precisa ter claro que ela é espelho da nossa condição humana e que o reflexo nem sempre será bonito ou combinará com o sofá da sala.
Perdeu-se a oportunidade de discutir o incômodo que os temas tratados causam na sociedade. Perdeu-se justamente a ideia mais fundamental de uma exposição de arte.
Obrigada Kennedy!
Texto perfeito, um ponto que vista que ainda não tinha visto e correto.
Eu imaginava que no máximo iriam tirar algumas obras da exposição, pois as reclamações não estavam exatamente sobre a mostra, mas só em algumas poucas obras (acho que só quatro) que no contexto construído e compreendido por muitos incentivava o que acusaram.
Caro Fernando, em primeiro, contar com um banco, que jamais se adaptou ao país; acompanho a anos, desde, que arremataram o Banespa, por uma exorbitância descomunal na época, são descompensados enquanto banco; tal qual o BBVA, não encontraram a razão de ser no mercado nacional, tem uma direção engessada para o Brasil; seus funcionários, pagam muito caro por falta de mobilidade…é evidente,que os bancos, participam destas exposições, com intuito comercial, até aí nada demais…o radicalismo por encerrar a mostra, tem sim peso de consciência; quanto ao excesso, certamente carregaram na tinta, e o banco ficou com medo de sua exposição; que fique claro, este País é sim conservador, e não é tolerado, o excesso de liberdade explicita…
Concordo com o que escreve, só discordo no ponto que o país é conservador, para mim ele fica no ponto neutro entre o conservadorismo e o progressismo, porém muitos estão irritados com os progressistas devido ao que é feito e como é feito nos últimos anos que apenas a menção deles a ideia já gera revolta, o que seria o contrário se um simbolo conservador proposse exatamente a mesma coisa.
Aliás o inverso também é verdadeiro, tem progressista que também nega uma proposta só porque foi dita por um conservador.
muito sensato, parabéns!
Concordo contigo e escrevi sobre o ocorrido, entre outras coisas, algo na mesma linha.
Desde quando ser conservador é ser autoritário….Hoje, os conservadores são os gays dos anos 50. Não podem se expressar, não podem aparecer e dar suas opiniões. Que paradoxo. Liberdade de expressão só para o progressistass e liberiais.
A liberdade de expressão não deve ser usada para expressar idéias que ameaçam a própria liberdade.
O ódio e a intolerância devem ser combatidos.
Me parece que a mostra de arte sugeriu exatamente isso, uma intolerância, principalmente em relação ao cristianismo.
Caro Kennedy, lembre-se que o Santander investiu pesado no golpe que parece não ter fim, forneceu consultores para a mudança na legislação trabalhista que incinerou a CLT e agora faz propaganda no horário nobre oferecendo apoio aos milhões de desempregados como se, do dia para noite, “virassem” empresários.
Não é só a imagem do Santander que sai arranhada, com este recuo inexplicável, mas é que a missão da estrutura financeira não é exatamente o fomento à cultura, como explicado no primeiro parágrafo.
Jamais será arte ou cultura, o capital é o centro de tudo. Pelo menos neste mundo no qual aposta a instituição financeira golpista.
Se não gostamos da ditadura da maioria…também é preciso cuidado com a ditadura da minoria…e mais cuidado ainda em não deixar nosso direito de falar ultrapassar o direito do outro de não ouvir…
Esse fato não é complexo, simplesmente algumas artes extrapolavam o mínimo de aceitação, senão vejamos: – Quadros de crianças denominadas de “Crianças Viadas”, “Hóstias” com gravações de Lingua, Vagina, Cu, um homem Negro fazendo sexo oral num homem branco e ao mesmo tempo sendo sodomizado por outro homem branco. Isso é arte? Desde quando? Trata-se de crimes que afrontam profundamente a Constituição Brasileira, sem dúvida alguma, prova é inúmeras instituições e advogados entrando com processos contra o Banco e o organizador da mostra. Vamos ser mais corajosos e colocar os fatos da maneira que são!!
Na verdade isso pode ser arte, se bem da verdade que algumas obras eu tenho dúvidas se é devido chamar assim devido qualidade.
Tudo isso pode ser arte se usado da forma que é, como numa exposição de horrores que os humanos podem fazer e pensar, ou mesmo adentrando num pesadelo, estas obras individualmente seriam qualificáveis em ideia em fazer parte. O que não deveria ser parte de uma mostra que fala de diversidade sexual humana e coloca pedofilia e zoofilia no mesmo patamar que o homossexualismo.
Walter bem informado, na época foi mesmo uma quantia que os outros bancos nem se interessaram.Banespa quase falido e carísssimo