Vida parece quase normal no sul da Geórgia e norte da Flórida
Kennedy Alencar
Savannah, Geórgia
Cidade mais antiga da Geórgia, Savannah fica no sul do Estado, na divisa com a Carolina do Sul. Tem cerca de 150 mil habitantes e uma arquitetura bonita no centro colonial. Foi fundada em 1733, na beira do rio Savannah, bem caudoloso e profundo, o que permite a ancoragem de grandes navios cargueiros. Na costa, a cidade tem um dos maiores portos dos EUA.
Savannah fica no Condado de Chatham, a região menos atingida da Geórgia pela covid-19. A reabertura da economia no Estado completará quatro semanas nesta sexta-feira. O ritmo de crescimento de casos tem se mantido estável.
No Condado de Chatham, ocorreram 323 casos e 13 mortes. Dá menos de 1% do total de casos e mortes do Estado, respectivamente 37.552 e 1.612. Nos EUA, já são quase 1,5 milhão, chegando a 90 mil mortes.
A cidade tem recebido visitas de pessoas dos Estados vizinhos e do norte do país. Bares, restaurantes, barbearias e salões de beleza foram reabertos. No Barber Pole, corta-se cabelo por 21 dólares. A cabelereira Tinan Otto nasceu em Oklahoma, mas vive na Geórgia há 33 anos. Filha de militar, ela diz que “a gripe matou mais gente que o coronavírus” nos EUA. Não é verdade.
Indecisa sobre o voto para presidente em 3 de novembro, ela disse que ficou “um pouco apreensiva” no começo da crise, mas agora acha certo reabrir a economia porque precisa trabalhar. Ela e o cliente usam máscaras durante todo o corte. O salão de Tina e de outras três cabeleireiras estava movimentado para uma manhã de segunda-feira. As quatro cadeiras de barbeiro estavam ocupadas.
Na Geórgia, a economia reabriu mesmo. Algumas lojas estão fechadas, mas a maioria do comércio voltou a funcionar. A construção civil também, mas operários convivem muito de perto um do outro sem máscaras.
No Instagram do blog, @blogdokennedy, há fotos e relatos da “Corona Trip” até Savannah, viagem que começou no sábado, partindo de Washington via Charlotte (Carolina do Norte) _onde tem um aeroporto com simpáticas cadeiras de balanço branquinhas espalhadas por todos os terminais.
No domingo, foram quase 500 quilômetros de carro para ir e voltar de Jacksonville, no norte da Flórida. Lá, as praias foram reabertas. O comércio funciona como em Savannah _os trabalhadores usam máscaras, os clientes não. Deu tempo até para o primeiro mergulho no mar durante a pandemia.
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Crime conexo
A entrevista do empresário Paulo Marinho à jornalista Monica Bergamo, publicada pela “Folha de S.Paulo” no domingo, é ruim para o senador Flávio Bolsonaro, mas pior para o presidente Jair Bolsonaro.
Segundo o empresário, um delegado da Polícia Federal alertou Flávio sobre uma operação que o teria como alvo. Então deputado estadual, ele demitiu Fabrício Queiroz antes da PF ir à rua. O então deputado federal e candidato a presidente, Jair Bolsonaro, demitiu no mesmo dia uma filha de Queiroz, Natália. Recursos de Natália foram repassados à conta do pai, segundo apuração sobre apropriação de salário de funcionários.
Ora, de posse de informação privilegiada, Jair Bolsonaro se livrou de um possível problema a fim de não diminuir sua chance eleitoral. É crime conexo com a obtenção do mandato, o que permitiria investigação no âmbito do STF.
A hipocrisia da Lava Jato e a demonização da política custaram caro ao país, levando à Presidência o pior político da história do Brasil. A Lava Jato teve candidato em 2018 e fez campanha com gosto por ele. Ganhou até ministério.
Ouça o comentário:
Kennedy, poderíamos estar vivendo condição semelhante, não fosse o descompasso de nossas autoridades e a inconstância do presidente. A Pandemia veio com uma bengala ao Jair, poderia ter chamado todos para calcular cada passo, logo no primeiro momento deste vírus, seria o capitão covid, teria o respeito maior de todos, estaríamos retomando gradativamente a economia. O filhão Flavio deveria estar desligado do governo, no entanto esta denuncia comprometendo o Jair vai leva lo a exposição maior ainda, chego a pensar que uma renuncia teria maior importância para ele.