Vladimir Carvalho Doc 8.0
Daniela Martins
Brasília
Grande referência do cinema documental brasileiro, Vladimir Carvalho ganha retrospectiva de toda a sua produção cinematográfica no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) de Brasília. A mostra celebra os 80 anos de vida do diretor e oferece um painel completo de sua obra e de seu pensamento.
O CCBB exibe, durante duas semanas, todos os filmes dirigidos pelo cineasta e ainda títulos em que ele participou em outras funções, como “Cabra Marcado para Morrer” (1984), de Eduardo Coutinho, no qual Vladimir atuou como assistente de direção e produtor associado. Há também uma exposição de cartazes e documentos, além de um ciclo de debates.
Vladimir Carvalho é paraibano de nascimento, mas tem sua história fortemente vinculada à cidade de Brasília, onde foi professor titular da UnB (Universidade de Brasília) e realizou o “1º Festival do Filme Brasiliense”, ajudando a consolidar a produção cinematográfica da capital.
Dono de intensa energia realizadora, dirigiu 15 curtas, um média-metragem e sete longas-metragens. É dele “O País de São Saruê”, de 1971, que permaneceu nove anos interditado pela censura e só foi liberado com a Lei da Anistia.
Vladimir lançou uma série de filmes que traçam retratos biográficos, erguendo uma ponte entre o Nordeste e Brasília: “O Homem de Areia” (1982), sobre o político e escritor paraibano José Américo de Almeida; “O Evangelho Segundo Teotônio” (1984), sobre o político alagoano Teotônio Vilela, um dos líderes do movimento Diretas-Já, e “O Engenho de Zé Lins” (2007), sobre o escritor paraibano José Lins do Rego (1901-1957).
Em 2000, concluiu “Barra 68 – Sem Perder a Ternura”, sobre os acontecimentos políticos que culminaram com a promulgação do Ato Institucional Nº 5, AI 5. Recentemente, lançou o premiado “Rock Brasília – Era de Ouro” (2011), que traça um retrato da cena do rock na capital brasileira na década de 1980.
Ainda em atividade, o cineasta está concluindo as filmagens de um documentário sobre o artista plástico pernambucano Cícero Dias (1907-2003).
Para conferir a programação completa e os horários de exibição, visite a página do CCBB Brasília. A mostra vai até o dia 11 de maio.
Vladimir Carvalho,meu colega de ginásio no Colégio Estadual da Paraíba, nos idos da década de 50, desde então já se revelava um pensador, uma cabeça pensante, atento à movimentação da vida, para além das quatro paredes da sala de aulas. Tem um quê de genialidade escondido numa personalidade simples e discreta. Lembro com saúde de nossas andanças à sombra dos jambeiros da Avenida Coremas, sol a pino, de volta pra casa.
Deus que o ajude e a mim que não me desampare.